Brasileiro sabe votar


 De acordo com pesquisa do Ibope feita entre 15 e 19 de maio, 80% dos eleitores estão muito satisfeitos ou satisfeitos com a vida que levam.  
Mas a maioria ( 65%) quer algumas ou muitas mudanças no próximo mandato, embora prefira Dilma no comando ( 40%). O eleitorado está divido quanto a aprovação ao governo (48% desaprovam) e uma ligeira maioria desconfia da presidenta (51%).

O maior adversário do PT nas eleições, portanto, é ele mesmo. O estancamento da queda de popularidade de Dilma detectado pelo Ibope deve ter sido o mais animador dos dados para o Palácio do Planalto.

O crescimento dos principais adversários, Aécio Neves ( PSDB) e Eduardo Campos ( PSB) está limitado ao índice de rejeição histórico do PT, na casa dos 30%, não há surpresas por enquanto.  Na soma total dos votos retratados, Dilma se reelegeria no primeiro turno. 

Ela lidera entre os mais pobres e na região nordeste com mais da metade dos votos, e ainda no sudeste, onde Aécio tem melhor desempenho. O senador tucano é o preferido entre os mais ricos, mas conta com apenas 25% dos votos, e perde de Campos entre pobres e nordestinos.

A rejeição ao mineiro caiu de 25% para 20% após maior exposição da candidatura, mas é alto para quem ainda não foi frontalmente atacado e busca ser o catalisador das mudanças. A rejeição a Campos caiu de 21% para 13% com a aparição na TV, tendo mais área para subir na preferência. Há 24% do eleitorado sem candidato.

O quadro sugere correção de rota na estratégia do PSDB. A chance de buscar o segundo turno para Aécio é bater prioritariamente em Campos. Para o socialista, se mostrar mais ousado e preparado que Dilma. A presidenta tem o conforto de marcar o que a diferencia dos tucanos e diminuir sua rejeição.  A tarefa dela é mais política que propagandística. Deve provar que pode retomar a faxina abandonada no meio do mandato.  A definição de seu vice e das alianças não deve passar despercebida no processo de escolha do candidato.

 As aparentes contradições apontadas no início do texto indicam eleitores mais politizados, insatisfeitos com a classe política em geral e mais atentos ao parlamento. Acusações e bate-bocas tendem mais à rejeição que ao apoio.

Dois fatores devem instigar os analistas neste momento: os efeitos das manifestações durante a Copa, bem como a avaliação estrangeira do país durante o evento  – o resultado dos jogos historicamente não tem relevância – e  a alta margem de nulos, brancos e abstenções não prevista nas duas últimas eleições, com Marina alcançando 20% em 2010 e os mais de 20% não definidos no pleito paulistano que, se não serve como amostra do comportamento nacional,  em si revela alterações no modo do eleitor avaliar o quadro político.

O eleitor só deve pensar nisso mais tarde. 57% manifestaram pouco ou nenhum interesse pelas eleições agora.

Ou seja, vai ter Copa.

*A pesquisa do Ibope pode ser acessada aqui.

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