À Ulissses Guimarães?


A corrida eleitoral para a Presidência começa agora.
De forma empolgante nas pesquisas e nos debates.  Os horários obrigatórios têm sido comerciais espichados, melosos além do razoável na área da emoção, medíocres além do necessário no comprometimento com projetos concretos que ajudem o eleitor a se definir. Os números impelem à ação. O primeiro debate mostrou a maior disposição de confrontar ideias entre os candidatos talvez desde a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. No entanto, ainda no terreno da marcação de diferença em relação aos opositores. Propostas concretas, poucas.

Ibope

Motivos para o fim da inércia não faltam. O último, a pesquisa do Ibope, sacudiu o tabuleiro.   Marina raspou o fundo do tacho de indecisos e brancos ou nulos. Sobram 15%, média histórica praticamente inarredável.  O restante do crescimento se dá no intervalo curiosamente igual da variação tanto de Aécio Neves, quanto de Dilma Rousseff. 

Dilma caiu de 38% para 34%. Tinha, no levantamento anterior, mínimo de 36, o máximo agora. O mesmo se dá com Aécio. De 23% para 19%, tem 21% como antiga base se tornando a máxima.  Nos extremos, a perda de cada um está entre 0 e 8 pontos percentuais.
A subida meteórica de Marina pode ter causado preocupação aos dois outros, mas, à distância, o jogo está equilibrado, com maior dificuldade agora de Marina avançar sobre o eleitorado cativo de PT, na casa dos 30%, e já tendo arrancado supostamente 10% da fatia teórica do PSDB.

Debate

A estratégia de Dilma e Aécio, tentarem polarizar o debate, não funcionou diante de uma atuação surpreendente da ambientalista.  Não que tenha sido brilhante ou clara em suas proposições, mas soube marcar posição entre tucanos e petistas, se apresentar alternativa viável e, de quebra, agradar parte da elite que a vê com desconfiança, como o agronegócio e o setor especulativo do mercado financeiro.

Traição à Ulisses

Ulisses Guimarães
Há sinais do antipetismo se aglutinando em torno dela, bem como de facções do PSDB. Aécio pode estar se tornando o Ulisses Guimarães da legenda.

 O então deputado federal, maior expressão do PMDB no movimento de redemocratização do país, tinha preferência na candidatura caso a emenda Dante de Oliveira, restabelecendo a eleição direta para presidente, fosse aprovada pelo Congresso em abril de 1984. Pela via indireta, o candidato foi o correligionário moderado Tancredo Neves, avô de Aécio.
Nas eleições presidenciais de 1989, o PMDB, já a colcha de retalhos que vemos hoje, aceitou Ulisses, mas não o abraçou. O próprio jingle da campanha “Bote fé no velhinho”, parecia conspirar contra ele.  Chegou ao fim do primeiro turno como um nanico.

Bem articulada e posicionada nas pesquisas, Marina poderá fazer minguar a receita de campanha do mineiro, o apoio de caciques regionais e a preferência de eleitores menos convictos. Aécio, cujo perfil do eleitorado é semelhante ao de Marina, corre o risco de se tornar nanico.
É só o início, há tempo para reação, mas Aécio não pode errar.

 

Postar um comentário

0 Comentários