Bumerangue de prata


A conduta da revista Veja pautada pelos princípios contemporâneos de direção empresarial é o exemplo acabado de como o modelo de gestão por planilhas tem afundado quase todo negócio em que as ciências humanas são matéria-prima principal.
Por maior que fosse a repulsa de um jornalista pelo PT ou Dilma Rousseff, ele dificilmente trocaria o que de mais caro há no negócio da imprensa, a credibilidade, por uma vitória imediata.
 Lançando uma acusação capaz de emparedar uma das grandes democracias do planeta não só sem provas, mas também desconhecida pelo próprio advogado do acusador, o doleiro Alberto Youssef, o veículo tradicional do liberalismo econômico se reduziu a post apócrifo de rede social. A direita ideológica e séria, os opositores ao governo e ao PT, os capitalistas perderam seu canal de voz e argumentos.
Condenação e julgamento na capa
A opinião travestida de notícia foi gesto escancarado de se colocar acima das instituições públicas responsáveis pela apuração e julgamento. Ultrapassou os limites da ética aplicada ao jornalismo, à liberdade de opinião e ao direito à informação.
O desprezo à credibilidade, de tão carregado, mancha o candidato que procura defender. Aécio Neves enfrenta o último debate na TV com duas alternativas: endossar a gravíssima acusação apresentando provas documentais (se as regras do debate permitirem) ou ignorá-la em solidariedade à oponente. Com qual delas espera convencer o eleitor de que é a melhor escolha?
A bala de prata é um bumerangue.

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