
Ainda assim ele
interpretou a frase como melhor lhe convém. É do jogo eleitoral, o votante que
o julgue, mas Dilma não soube responder a contento. A armadilha resume o primeiro
debate do segundo turno. O tucano levou a melhor quanto à desenvoltura,
derrapando no excesso de confiança e pouco convincente quando atacado sobre
improbidades. A petista se expressou mal, atacou bem e defendeu com
consistência o território dos avanços sociais.
Derrotado saiu o objeto da disputa. A parcela do eleitorado
de melhor grau de escolaridade e renda, eleitor de Marina no primeiro turno, não
recebeu substância suficiente para manter ou alterar a escolha com base na
razão.
A classe média tradicional, pepita mais nobre deste
pleito, ouviu dos dois que poderá ter o imposto de renda corrigido pela
inflação, que os impostos sobre os pequenos empresários podem ser simplificados
e até diminuir. Pararam por aí as propostas.
A esta altura, a camada volátil começa a pensar no ano que
vem. Voltada para seus interesses próprios e imediatos, segue na dúvida: vai
dar ou não para matricular o filho na natação, aquela viagem desejada nas
férias será possível, conseguirá trocar de carro, a dor de cabeça com os planos
de saúde acabarão, as reclamações sobre os serviços de telefonia e tv serão atendidas, a inflação dos alimentos, ceder? A corrupção diminuirá, a segurança
aumentará, dos buracos nas estradas, quem cuidará?
As acusações na tônica dos confrontos alimentam o discurso do
ódio instalado entre os já decididos de lado a lado. Algo que os candidatos insistem
em dizer que não querem, mas terminaram o duelo aos beijinhos, satisfeitos no
ensejo de provar que o adversário é o pior.
O indeciso procura elementos para se definir pelo melhor. Ou só resolverá na cabine de votação.
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