
Falar diretamente à classe média, tática adotada nos
recentes programas de TV, funcionou. Nela e nos estados mais desenvolvidos,
Dilma atraiu número suficiente de simpatizantes capaz de indicar que o crescimento
tenha sido mais consistente que uma simples variação estatística. A rejeição a
ela reflui para patamar mais próximo do terço natural da população refratária
ao PT (39%). O escândalo da Petrobras explorado pelo tucano, sem implicações
diretas da presidenta perdeu força. A
governante com índice de popularidade maior que a de Lula e FHC antes do
movimento de junho de 2013 se reergueu, superou a apresentação pessoal sofrível
nos debates.
O retrato do Datafolha não anula a possibilidade de
surpresas vistas em eleições passadas quanto ao número de votos inválidos, pois
a taxa de não convictos (18% entre os eleitores dela, 15%, dele) reforça a
tendência de definição dentro da cabine de votação. A indignação com a
corrupção e o fisiologismo, canalizadas contra o PT, diluiu-se na exposição dos
outros candidatos, porém, não arrefeceu.
Aécio terá que ser outro no último debate antes da votação, na
Rede Globo, para tentar quebrar a sensação geral de certeza de que Dilma vencerá
o pleito. A melhor performance na tela não bastou. Acusações e ataques pessoais
acirraram ânimos, não arregimentaram preferências. A menos que conte com fato
novo e direto contra a oponente no caso da estatal do petróleo ou tenha uma
denúncia forte na manga, resta o que ainda não fez na campanha: apresentar um
projeto alternativo claro e viável de governo relacionado imediatamente ao
cotidiano do eleitor.
0 Comentários