A velha Dilma voltou


A retomada da dianteira por Dilma no limite da margem de erro (52% X 48% dos votos válidos) da pesquisa do Datafolha não traduz a enorme força ganha na semana derradeira. Os números estratificados por classe social, geografia e grau de instrução mostram a onda que catapultou Aécio na no fim do primeiro turno batendo na praia.  O confronto direto entre os presidenciáveis prejudicou Aécio, mais arranhado na imagem ideal que a distância permite do personagem. Sua rejeição aumentou (40%). A estratégia adversária de desconstrução do perfil de gestor moderno e eficiente e a evocação dos governos passados do PSDB surtiram efeito. As ações do governo federal, “costuradas” no horário eleitoral, deram cara à gestão e foram o que de mais sólido se pode julgar em uma campanha pobre de conteúdo. A maioria do eleitorado interpretou que as realizações do governo petista levaram concretamente a melhorias gerais, especialmente para as parcelas que ascenderam, certificam o crescimento na aprovação ao governo e a queda na desaprovação.

Falar diretamente à classe média, tática adotada nos recentes programas de TV, funcionou. Nela e nos estados mais desenvolvidos, Dilma atraiu número suficiente de simpatizantes capaz de indicar que o crescimento tenha sido mais consistente que uma simples variação estatística. A rejeição a ela reflui para patamar mais próximo do terço natural da população refratária ao PT (39%). O escândalo da Petrobras explorado pelo tucano, sem implicações diretas da presidenta perdeu força.  A governante com índice de popularidade maior que a de Lula e FHC antes do movimento de junho de 2013 se reergueu, superou a apresentação pessoal sofrível nos debates.

O retrato do Datafolha não anula a possibilidade de surpresas vistas em eleições passadas quanto ao número de votos inválidos, pois a taxa de não convictos (18% entre os eleitores dela, 15%, dele) reforça a tendência de definição dentro da cabine de votação. A indignação com a corrupção e o fisiologismo, canalizadas contra o PT, diluiu-se na exposição dos outros candidatos, porém, não arrefeceu.

Aécio terá que ser outro no último debate antes da votação, na Rede Globo, para tentar quebrar a sensação geral de certeza de que Dilma vencerá o pleito. A melhor performance na tela não bastou. Acusações e ataques pessoais acirraram ânimos, não arregimentaram preferências. A menos que conte com fato novo e direto contra a oponente no caso da estatal do petróleo ou tenha uma denúncia forte na manga, resta o que ainda não fez na campanha: apresentar um projeto alternativo claro e viável de governo relacionado imediatamente ao cotidiano do eleitor.

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