Os 51 milhões de votos impeliram o PSDB a tomar posição no
lugar que já deveria estar ocupando há 12 anos. Aécio Neves reassume o posto no
Senado como se espera de quem perdeu por pouco o título de Presidente do
Brasil, mas não será um movimento tão natural quanto parece.
Antes
de enfrentar o governo, o mineiro terá que achar o discurso que una o partido e
o mantenha de fato na liderança obtida nas urnas. À beira do desmanche até as
eleições, a legenda tem à esquerda de Aécio o grupo representado por José
Serra, de maior comprometimento com a social-democracia. À direita, a facção simbolizada pelo
governador de São Paulo Geraldo Alckmin, dependente de verbas federais, ligada
a setores conservadores e à base de prefeitos de grotões. Ambos têm seus
próprios nomes para a próxima eleição à Presidência. Um passo em falso, lhe
tomam a dianteira.
Acertada a questão interna, Aécio deve definir como lidar
com os rebeldes do governista PMDB, liderados pelo deputado federal do Rio Eduardo
Cunha. Aliar-se, ainda que pontualmente, a uma estratégia claramente
fisiológica, arrisca perder a confiança conquistada junto aos 48% dos eleitores,
sem falar na possibilidade de ser visto como quem acabou manipulado por Cunha.
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