Trauma trata-se, não se esquece


A Áustria não é um Gabão, mas também não é uma Holanda. A bem da verdade, sequer é a Suíça que tem se apresentado nos últimos dois anos. Sem pressão de um título em disputa e no rescaldo da Copa do Mundo a seleção brasileira fechou o ano com seis vitórias, quatorze gols feitos e um sofrido no retorno de Dunga.  O placar de 2 X 1 foi construído na cobrança de escanteio arrematada com uma falta de David Luiz no zagueiro, o pênalti desnecessário de Oscar e um chute de fora da área de Roberto Firmino. Gol bonito o do alagoano, mas de trama fortuita.

O Brasil pareceu mais compactado e ágil do que realmente foi, por causa da configuração em que o atacante participa mais da armação e da marcação do que o típico camisa 9, enfiado entre defensores. O esquema em voga mundo afora não ampliou opções na costura de ataques nem ofereceu perigo. Ao contrário, tomamos sustos e bola na trave quando expostos a velocidade oponente. Não havia do outro lado talento suficiente para testar o pânico que caracterizou o grupo de Felipão, ainda assim a equipe bateu cabeça sem a posse da bola. Não há tempo ainda de treinamento para dar sincronia necessária ao grupo e exigir mais da equipe. No entanto, é exagero dizer que a seleção evoluiu desde a Copa e reencontrou o caminho para um lugar entre as grandes.

O calendário da Fifa e a dificuldade de unir os jogadores espalhados por quase todo o planeta permitem dizer que a Copa América, em junho de 2015, é logo ali.  Aproveitaria melhor o tempo se evitasse esquecer o passado recente. A vergonha da derrota acachapante para a Alemanha deve servir de lição e nortear o trabalho técnico e psicológico, e não ser empurrada para debaixo do tapete.

Os traumas existem e precisam ser enfrentados. Ignorá-los levam a situações bizarras como o episódio da tarja de capitão e Thiago Silva. O zagueiro reclamou da reserva e da transferência da função a Neymar. O treinador o repreendeu dizendo que ninguém tem garantias na seleção, mas deu-lhe a tarja durante a partida. Os fatos revelaram o melindre com que se leva a retomada devido aos 7 X 1.

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