Chacrinha


            -  Flávio?! Ô, matuto, abandonou de vez a cidade? Agora, só pelo Facebook mesmo?
-          -     Geraldo! E aí, quanto tempo! Verdade, só vim resolver umas coisas, volto logo pra chacrinha...
-          Dá pra entender, pelos posts. Um lugar bonito daqueles. Como está o vidão no cerrado, ganhando dinheiro com os queijos?
-          Que nada, não é a moleza que parece. Rede social, sabe como é, o que é ruim a gente não posta. Das vaquinhas das fotos, morreram seis. A que sobrou acho que não vai durar, está com uma tosse danada...
-          E as galinhas?
-          Meu xodó! Mas é trabalhoso.Tem muita raposa no cerrado. Um cochilo e elas invadem pra roubar galinha, frango, ovo, não fica nada...
-          Não tem como cercar?
-          Acha que adianta? Dão sempre um jeito, se enfiam na grade, passam por baixo da tela... Dia desses tirei o pato da boca de uma na base da paulada. Foram uns dez minutos de luta. O coitado ficou manco, mas escapou. É uma aventura.
-          Há,há, há... Aos menos seus ladrões são menos violentos que os daqui. Sem falar que não sofre de falta d’água. Com aquele poção, né?
-          O poço, de repente, encheu de lama, acredita? Chamei uns técnicos, estão lá, tentando descobrir como aconteceu...
-          Vi que tem um riacho no fundo...
-          O ribeirão virou um fiapo de água, aquela abundância da foto acabou. Mas, faltar, não falta.
-          Você fala com esta calma toda?
-          Quando começou tudo fiquei preocupado. Mas a vizinhança me falou que não é de agora, sempre foi assim, depois normaliza. Bom, preciso ir, nos falamos pelo Face. Ó, quando quiser conhecer, a casa está às ordens! Um beijo na Gracinha!
-           Obrigado, outro pra Nelma! E boa viagem!

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