
Mais lamentável, no entanto, é se omitir diante do prenúncio
de outra tragédia. Se a definição soa forte, é por causa da banalização.
Os
campeonatos estaduais começaram há uma semana e já há uma vítima fatal, no Rio
Grande do Sul. Um adolescente baleado pelas costas por um PM durante um
confronto entre organizadas de Aimoré e Novo Hamburgo. Um morto por causa de
uma partida de futebol, ponto final de um sistema de uma política de segurança prostrada
no didatismo “em caso de assalto, não reaja”.
É lamentável ver que a sugestão do Ministério Público foi
decidida pela Federação Paulista de Futebol – que não responde sobre segurança
em São Paulo; que seja capenga – organizadas alviverdes deveriam também ser
proibidas; que seja pontual e apenas resultado da inoperância – quando não,
cumplicidade - dos órgãos públicos, dos clubes e da própria FPF em desmantelar
definitivamente grupos arregimentados a fim de se divertir espalhando terror em
dias de jogos.
Confrontos entre as “terrorcidas” estavam sendo arranjados.
Quem duvidaria de que tentariam quebrar os equipamentos do estádio, como já
vistos no Morumbi e no Itaquerão, barbarizar torcedores com uniformes
adversários, depredar carros, lojas e residências no entorno do Palmeiras? Isso
é horror, exige atitude, ainda que paliativa.
A experiência da torcida única, adotada em Belo Horizonte
para as partidas entre Cruzeiro e Atlético desde antes da Copa, mostra que não é
garantia de tranquilidade, mas diminui as ocorrências. É o que resta para quem
quer apenas passear pelas ruas, tomar uma condução pública ou ir ao estádio ver
uma partida de futebol.
Em Minas, a medida é tratada como solução. Não é. Caso
funcione em São Paulo, que seja encarada com realidade, um atestado de falência
marcando o início de ações menos lamentáveis.
0 Comentários