Exclusivo: Contradições e suspeição


Máfia do Futebol

Marin e Romário: juntos da Olimpíada 2012 à Copa 2014  Foto: CBF
Mais da metade da arrecadação para a campanha do criador da CPI do Futebol foi doada por patrocinadores da CBF.

Na prestação de contas ao TSE, o candidato declarou arrecadação de R$ 1.172, 627,00. Dois dos maiores montantes doados, via diretório de seu partido, o PSB, no valor de R$ 250 mil cada, são originários de duas subsidiárias da fabricante de bebidas Ambev, a CRBS S/A, e a Londrina Bebidas Ltda.

O banco Itaú doou diretamente ao candidato R$ 100 mil. O banco, segundo a investigação que levou à prisão sete cartolas na Suíça, entre eles o vice-presidente da CBF, José Maria Marin, foi uma das duas instituições financeiras usadas na distribuição de propinas.

Ambiguidade


O senador Romário bate duro quando fala dos dirigentes da CBF.  
Pediu a renúncia de Marco Polo Del Nero, elogiou a prisão de Marin e chamou o ex-presidente Ricardo Teixeira de traidor. 
Xingou os três de ladrão.

Com Teixeira e Ronaldo: morde e assopra Foto:Globoesporte.com
 A contundência do ex-atacante joga ao segundo plano comportamento ambíguo.

O então líder da seleção campeã em 94 era próximo de Teixeira quando do estouro do escândalo do voo da muamba, em que a carga do avião fretado para a volta dos campeões foi liberada de inspeção pela alfândega.

 Brigaram em razão do corte do jogador do grupo que disputou a Copa de 2002.

Eleito deputado federal em 2010, Romário, defensor da Copa no Brasil, se opôs às ações de Teixeira e da Fifa na organização do evento, até que, após uma reunião na sede da CBF, no final de 2011, passou a negar desavenças com o cartola e voltou as baterias contra o governo. A “virada” foi assunto detalhado deste blog em janeiro de 2012.

 Marin e Del Nero


Em março de 2012, quando Marin assumiu o lugar de Ricardo Teixeira na CBF, em função da renúncia forçada por acusações de fraude e de recebimento de propinas, Romário o recebeu na Câmara e ofereceu apoio na organização da Copa. Marco Polo Del Nero era então vice-presidente da CBF.
Na posse de Del Nero como sucessor de Marin, Romário declarou: “Saiu um ruim, entrou um pior.”

CPI


A CPI do futebol criada oficialmente hoje no Senado é resultado do empenho direto de Romário. 

Entre Del Nero e Marin: Do apoio ao achincalhe  Foto:CBF
No calor das prisões e da repercussão mundial das prisões na Suíça, ele conseguiu a adesão de 53 senadores, 26 a mais que o mínimo. Segundo declarou, quer a relatoria da Comissão.

A aprovação em primeiro turno do financiamento de campanhas eleitorais por empresas dá ao senador o direito de reivindicar o cargo sem qualquer constrangimento, mesmo que os delatores do escândalo da Petrobras tenham acusado senadores de usar a CPI para angariar propina.

Financiado por empresas envolvidas no caso, e forte pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro no ano que vem, o senador Romário gastará mais energia em parecer honesto do que em sê-lo.