Sacolinhas
A Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas
Flexíveis - ABIEF- não poupou os envolvidos na implantação das novas sacolinhas
plásticas nos supermercados paulistanos.
A entidade afirma que as sacolas plásticas de material de
origem fóssil são 100% recicláveis. Contrária às chamadas sacolinhas ecológicas
desde o início das discussões, em 2007, não leva em consideração a
sustentabilidade da matéria-prima, uma das exigências da lei municipal. Por
ela, as novas sacolas devem ser compostas no mínimo em 51% de matéria produzida
por tecnologias sustentáveis.
Do ponto de vista da coleta, no entanto, a
regulamentação seria inócua. Para a ABIEF, as sacolinhas brancas poderiam ser
usadas sem danos no programa de coleta seletiva do lixo.
O grosso da artilharia, porém, é voltado para a APAS –
Associação Paulista de Supermercados.
“ As novas sacolas... , maiores e mais grossas, tem ( sic)
fundamentalmente seu custo proporcional ao seu benefício. Substituem até 3 das
antigas sacolas, que já tinham seu custo embutido no preço de venda das
mercadorias...”
O texto foi publicado nesta segunda-feira ( 4/5) como informe publicitário em grandes jornais de São Paulo.
Na parte final do documento, o ataque frontal:
“Lamentavelmente a APAS se coloca contra a sociedade por
interesses financeiros disfarçados de preocupação ambiental; decide por
prejudicar o consumidor estabelecendo uma cobrança completamente injustificada
e (sic) pior, em duplicidade.”
A APAS é próxima do PSDB desde o primeiro mandato de Mário Covas no Governo de São Paulo ( 1994-98).
A primeira tentativa de implantar as novas sacolas foi em 2011, articulada junto ao governo Alckmin. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente era ocupada por Bruno Covas, neto de Mário e atual deputado estadual paulista.
Disputa judicial
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Hdaddad, reação tardia |
O prefeito Fernando
Haddad passou a criticar a cobrança das sacolinhas – entre R$ 0,08 e R$ 0,12,
segundo a Prefeitura – após forte reação dos paulistanos.
Pesquisa do instituto
Datafolha citado pela ABIEFapontara que cerca de 80% da população desaprovavam a cobrança.
Até então, as ações municipais visavam esclarecer e alertar
o consumidor quanto ao risco de multas por uso incorreto das sacolas verdes e cinzas.
Na última semana Haddad chamou de “orquestração” a cobrança
e afirmou que a Prefeitura entrou
com pedido de liminar contra Apas, Carrefour, Pão de Açúcar, Walmart, Futurama,
Sonda, D´Avó Supermercados e Supermercado Dia.
Ela vem a reboque
de acordo entre a APAS e o Procon que entrará em vigor no próximo dia 11, com
validade de dois meses. O consumidor terá direito a duas sacolinhas sem
acréscimos à parte.
Palanque
O prefeito também busca respostas
aos ataques do deputado federal Celso Russomano (PRB- SP).
Em seu programa em
rede de tv aberta, ele acusa Haddad de favorecer uma doadora de campanha, a
Braskem, produtora de matéria-prima.
A empresa e o prefeito
negam a acusação de favorecimento na relação, que, segundo Russomano, aconteceu no processo eleitoral de 2012.
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Celso, candidato a Prefeito |
São elas a A.t.p. Industria e Comércio de Plásticos ( R$44
mil), a St Flex Embalagens Flexiveis ( R$22 mil) e a Plastquatro Industria e Comercio de Plásticos ( R$ 21 mil).
As doações não foram feitas diretamente ao candidato, mas
aos diretórios e comitês partidários da coligação formada por PT, PSB, PC do B
e PP, pela qual Haddad se elegeu.
Russomano, candidato derrotado ao mesmo cargo na
eleição, atribuiu a jogo sujo de Haddad a perda de um lugar no segundo turno
para José Serra ( PSDB). O deputado é pré-candidato do PRB à Prefeitura de SP em
2016.
Na boca do caixa
Segundo oito entrevistados
informalmente por este escriba, em quatro varejistas de três bandeiras diferentes,
o repúdio à cobrança é quase unanimidade.
Mudou a relação
dos funcionários das lojas com os consumidores, agora menos tolerantes à falta
de produtos, troco, caixas de papelão para o transporte das compras ou alguma
falha humana ou no sistema.
A tensão foi notada
também por caixas de um quinto supermercado visitado, que não cobra em separado
pelas sacolinhas. De acordo com um dos atendentes da rede, atritos com os
consumidores tornaram-se comuns.
Os clientes não habituais se mostram mais
gentis quando informados da política adotada por toda a rede de lojas, manter o custo embutido no valor dos produtos.