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Helmut, o professor |
Estudar prosódia anglo-saxã não é boniteza, é precisão.
Gola
do sobretudo levantada, cachecol enrolado, microfone em punho, bastaria dizer “Príncipe
Charles almoça com rainha Elizabete no palácio de Buckingham”. Pronto, recado
dado.
No entanto, cara de
nojinho com leve empinada no nariz e “Príncipe Tcharl-les almoça com rainha
Elízabef no palácio de Bâkin- ram” é outra coisa, é ou não é?
Somos assim. O apresentador do programa culinário para no
meio da receita para explicar porque chamou paella de paeja ou paelha.
Da fórmula um ao futebol, da economia à política, os alemães
estão com tudo, exigem dedicação.
É às vezes chata a aula, mas professor Helmut
usa atualidades para despertar interesse.
- Língua nas laterais dos dentes, atenção. Odebré-irsht!
- Odebreft!
- Não. Odebré-irsht...
Entender a lógica, o princípio deste fonema talvez
facilitasse, acreditei. Mas Helmut ensinou que não de maneira convincente.
- É preciso entender a língua no todo, ser intuitivo, e o
sotaque surge naturalmente. Por exemplo, se eu disser que uma multidão está dividida
ao meio, você pensa em bom e mau e escolhe um lado, certo? Então, e se dissesse
que os dois lados são unidos por um viaduto muito movimentado nos dois
sentidos?
Não sei quanto durou na minha cabeça aquele segundo de silêncio
antes de seguir em frente:
- Odebresst!
- Não. Odebré-irsht. Mais uma vez...