O tabuleiro de Tsipras

Internacional

Alexis Tsipras lançara a pedra fundamental de um novo paradigma no embate direita-esquerda.

 Ao peitar a ortodoxia da troika, sensibilizou o FMI e pôs na mesa o conflito real do século XXI, entre o fluido capital especulativo privado e o investimento na produção, que pontualmente coloca lado a lado o dono do meio de produção e a força do trabalho.

  A renúncia do primeiro-ministro grego se deu por pressão do radical de esquerda Syriza, contrário ao aperto nos gastos sociais, e uma aparente guinada ao neoliberalismo.

 A visão é estreita. Os gregos não desejavam abandonar o euro, e a dívida, na casa dos 180% do PIB, é impagável.
A queda não significa sacrifício social em prol do capitalismo clássico. Não há recursos para o incremento da indústria e a geração de empregos.  A dívida segue e seguirá impagável, insistem os especialistas.  O país está à beira do caos com a leva de imigrantes.

O capital sem rosto vê na tragédia uma oportunidade. Dois dias antes da renúncia 14 aeroportos gregos foram privatizados. A concessão por 50 anos foi arrematada pelo grupo alemão Fraport ao custo de 1,73 bilhão de euros em franquia e investimentos diluídos ao longo deste período. 

A Grécia precisa de 50 bilhões de euros só em privatizações, segundo o plano de recuperação. A dívida total é de 300 bilhões de euros.


Tsipras ainda goza de popularidade e pode se candidatar novamente, abandonando a velha esquerda do Syriza. 

Seus próximos passos é que indicarão se será o farol de uma via realmente inédita, se capitulou à velha direita ou se jogou a toalha frente ao maior desafio da nova era: direcionar os recursos do rentismo para a geração de riqueza real. E a quem caberá a maior parte dela.