Crônica
Encontro no açougue o bife de patinho a R$ 45,00 o quilo.
Olho de novo a etiqueta para ver se não há ao menos uma vírgula ali, entre o
sujeito e o prejuízo: patinho, R$ 45,00/kg. Não tinha. Até ri, mas persisti na
ideia de que é como os supermercados nos veem.
O salmão a R$ 53,00/kg me garantiu que não era
paranoia.
Criatividade e ovos me bastam na cozinha, modéstia à parte. E não é que foram mais criativos ainda,
inventando uma dúzia de 10? Não,
obrigado, vou levar só o iogurte, cujo potinho foi reduzido em 50
ml, sentido inverso ao da mudança no preço.
Apenas 3 dos 12 caixas funcionavam, com filas longas e
demoradas além do necessário. As operadoras sem domínio da função são comuns,
marcam o início da nova edição da política de contenção de custos trabalhistas.
Há que ser paciente.
Na minha vez, a atendente atenciosa e simpática pediu-me para responder a uma
pesquisa comandada pela máquina registradora. Era uma só pergunta: O que acha
do atendimento no caixa?
Só isso? Não gostariam de saber nem se sei diferenciar leis
de mercado, inflação, especulação, coisas assim?
Tanto forçaram que, enfim, incharam meu fígado.
