O presidente
da Vale, Murilo Ferreira, falou à imprensa com voz embargada sobre o estouro da
barreira em Mariana. Foi durante a não pouco chocante declaração de que restou
cerca de 4% da mata atlântica na bacia do Rio Doce.
Passou ao largo dos mortos e desaparecidos na região de Bento Rodrigues. Nesta questão, disse ter pedido ajuda ao Estado. Derrapou no script do
gerenciamento de crise que se tem visto mundo afora diante de catástrofes.
A coletiva
aconteceu 22 dias depois da tragédia e um após a Vale ter sido excluída pela Bovespa do Índice de
Sustentabilidade Empresarial. O ISE é uma lista de empresas comprometidas com a preservação
do meio ambiente, transparência e justiça social. Estar nela é um plus no conceito e valor
das ações.
Foi um pronunciamento ao mercado financeiro,
não aos cidadãos, sequer à população diretamente atingida.
No anúncio da
criação de um fundo para a recuperação da bacia, um dos diretores da Vale que
participaram da entrevista afirmou que "A empresa não deixou de
ser sustentável, e, com este fundo sendo criado hoje, nós mantemos nosso
trabalho em prol da sustentabilidade. Estamos aqui trazendo certeza para os
investidores que vamos saber reagir".
Ferreira não
falou com quanto vai colaborar nem qual o plano de ação, mas que espera contar
com a doação de outras empresas e do governo. Não esboçou um cálculo dos
prejuízos econômicos e sociais ou como lidará com eles.
Vale, BHP
Billiton e Samarco só se voltaram à população consternada uma vez, na semana
passada, quando demitiu o diretor da Samarco que afirmara não ter do que pedir desculpas.
Atualização: No fim desta tarde (27/11) o governo anunciou que entrará com uma ação civil pública contra a Samarco para que a justiça determine a criação de um fundo de R$20 bilhões para a recuperação da fauna, flora e nascentes da bacia e ressarcimento dos prejuízos causados à população atingida. Segundo o Procurador-Geral da República, Luís Adams, os recursos do fundo deverão vir da Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton.
Atualização: No fim desta tarde (27/11) o governo anunciou que entrará com uma ação civil pública contra a Samarco para que a justiça determine a criação de um fundo de R$20 bilhões para a recuperação da fauna, flora e nascentes da bacia e ressarcimento dos prejuízos causados à população atingida. Segundo o Procurador-Geral da República, Luís Adams, os recursos do fundo deverão vir da Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton.