Custo Guedes-Bolsonaro

Economia



O governo federal mantém o propósito de privatizar rodovias, portos e aeroportos no segundo semestre deste ano, apesar do suposto entrave da pandemia. Propõe aumentar a TIR (taxa interna de retorno) em 1 ponto percentual, para a casa dos 10% ao ano, sob justificativa de atrair investimentos e incentivar a competição nos leilões. Balela.

A generosidade embute o risco do negócio. É preciso oferecer mais para investidores arriscarem a botar dinheiro no ambiente em que predominam instabilidade política, insegurança jurídica e falta de projetos de longo prazo. O custo Guedes-Bolsonaro, no fim das contas, acabará nas costas da população.

Se o Covid-19 tivesse impacto relevante, vender na baixa seria barbeiragem da grossa. Ocorre que as concessões são de, pelo menos 20 anos, a ciência projeta uma vacina entre um ano ou dois. Antes disso, a pandemia tende a estar equacionada.  

Sobra dinheiro, falta confiança

Na realidade, os fundos de investimento têm dinheiro de sobra e o mercado financeiro oferece juros negativos. 10% de rentabilidade é um negocião. A hipótese de leilões verdadeiramente disputados, que reduziria a taxa, na medida em que aumentaria o valor pago, tem gordura para queimar, diante dos juros oficiais no país, hoje em 3,75%, altos hoje para os padrões mundiais. O custo Guedes- Bolsonaro, no entanto, não tem atraído interessados nos leilões já vistos, com TIR até maiores.

O cidadão começa a pagar diretamente a conta na forma de aumentar a TIR. O caso das rodovias é o exemplo mais claro: redução da obrigação de investimentos em melhorias das estradas e aumento da margem nas tarifas de pedágios. Noves fora o repasse aos preços de tudo que necessite ser transportado por caminhões, estradas ruins e pedágios caros.

A arrecadação esperada, R$ 100 bilhões, engorda a planilha do plano de redução de custos no SUS, em pesquisas, educação e aposentadorias. O contribuinte que havia custeado a construção da estrada, a vendeu barato, terá que pagar para usá-la e não será beneficiado com a arrecadação.

É como se tivéssemos que pagar quatro vezes o mesmo imposto, com alíquotas cada vez mais altas. 

O custo

Diz o governo que o dinheiro serviria para custear o combate ao vírus. 
Das reservas do país, R$ 50 bilhões já foram gastos para conter a sanha especulativa sobre o dólar, não se tem notícia de uso para combater o vírus. O depósito compulsório liberado aos bancos não resultou ainda em crédito às pessoas físicas ou jurídicas de pequeno porte. A duras penas o Tesouro distribui do caixa meio salário mínimo aos informais, e o Ministério da Economia não sabe como fazer chegar recursos aos estados. 
Quem investiria num lugar tão confuso assim, se não for por uma polpuda margem de lucro?

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