Craque argentino não foi melhor que Pelé, mas bem maior na emoção que causou.
O que Pelé gerou de encantamento nos gramados de todo o planeta, Maradona turbinou com emoções.
O menino simples do bairro periférico em Lanús encarnou o
estado puro da paixão. Aquela que enlouquece e divide, torna o racional em irascível.
Dentro e fora de campo não houve no futebol quem provocasse tanto.
Desde os 17 anos Maradona divide o mundo
Dividiu a Argentina em 1978, quando cortado da lista final
da seleção que ganharia a Copa em casa. “Como vencemos, ninguém falou mais nada”,
disse o técnico César Luis Menotti em 2017, em entrevista à rádio Mitre a uma
rádio de Buenos Aires. ''Precisava de homens, e olhava para Maradona e
enxergava um menino'', justificou. O treinador demorou 39 anos para tocar no
assunto.
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Menotti e Maradona |
Na passagem pelo futebol italiano, entre 1984 e 1991, Maradona
levou o Napoli, que então titubeava entre as séries A e B, a títulos inéditos
no Campeonato Italiano em 1987 e 1990, não mais conquistados, uma Copa da
Itália, em 1987, e o único troféu internacional do clube, a Copa Uefa, atual Europe
League, em 1989, além da primeira Supercopa da Itália, em 1990.
Maradona dividiu a Itália
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Napoli e o troféu da Copa Uefa |
Responsável direto pela conquista da Copa de 86, no México, consolidou
a imagem mítica e de líder irreverente e combativo.
A luta do Pibe contra Fifa
Seus ataques frequentes à Fifa, que chamava de Cosa Nostra
do futebol, ganhou volume quando, na Copa de 90, recusou-se a cumprimentar o
então presidente da entidade, João Havelange. Os ataques prosseguiram após a
eleição de Joseph Blatter, o que custou a Maradona o afastamento dos eventos
oficiais.
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A ira em 94 |
Atuando pelo Newell’s Old Boys desde 1993, encerrou a carreira de jogador após o episódio.
O treinador Maradona
Ainda naquele ano, começou a trabalhar como técnico,
em clubes da Argentina, México, Emirados Árabes, sem destaque.
Ainda assim, comandou a seleção em 2010 na Copa da África do
Sul, eliminada nas quartas-de-final pela Alemanha em derrota por 4 X 0.
Consumido pelo vício, que afetou também sua vida familiar, viveu
às turras com dirigentes e a imprensa, até se tratar em Cuba.
O lado de Maradona
Parecia ter controlado a dependência, mas não a indignação e
a rebeldia. Defendeu os legados de Fidel Castro e Hugo Chávez, tatuou Che
Guevara no braço direito e discursava contra a desigualdade social na América
Latina.
Morreu em casa, de manhã, ao sofrer um ataque cardíaco que o
fulminou antes de chegar ao hospital.
Será velado na Casa Rosada, sede da Presidência da
República. O prefeito de Nápoles anunciou a troca do nome do estádio para Diego
Armando Maradona. A igreja Maradoniana vai permanecer, a paixão do “Pibe de Oro”
ficará no ar para sempre.
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