Alegria e dor juntas é ruptura, começo ou fim de guerra ou de amor, raro e marcante feito o encontro de Lula com Pelé.
Eles correm no mesmo tabuleiro como bispos, cada um em suas próprias casas. Sem se tocarem, se complementam, em inesperado e surpreendente paralelismo.
Pão, circo, firmaram-se luz em estádios lotados em tempos de desesperança. Coincidência insignificante, alerta o ceticismo.
O que é destino, o que é acaso na trajetória dos dois personagens de tanta ciência em seus movimentos?
Pelas diagonais distintas abateram o complexo de vira-latas, tornaram- se os grandes mascates sem fronteiras da brasilidade.
Um aboliu o passe, outro alforriou miseráveis. Que mistério molda esta semelhança?
Há sempre algo de mágico ou divino a cercar os super-homens. Seria numerologia embutida nas 4 letras, ou a regência de Escorpião no mês de Outubro?
Caçado, cassado, tomados por batidos, reviraram a história com energia incomum até a inédita terceira coroação.
Fábula, parábola, plebeus conduzem com nobreza as falhas e as contradições humanas à trindade, à perfeição.
Os séculos, quem sabe, os fundam num mesmo rei benevolente de uma terra que conheceu a paz , a justiça e foi feliz para sempre.
Morto, posto, vida longa aos reis!
( texto: Lívio Lamarca / foto: Divulgação, Ricardo Stuckert)
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