Foi a madrugada mais fria do ano em São Paulo. Amanheceu claro de sol como no outono europeu. Escudado pelo vira-lata peludo e malhado com o jeito meio protetor e carente, o mendigo do quarteirão continuava deitado debaixo do carrinho de madeira cheio de papelão onde o cachorro estava amarrado com a corda de náilon azul. Ficou ali deitado ao lado da porta de entrada da loja instalada na casa recuada de esquina, cujo muro foi derrubado para dar à calçada espaço para estacionamento. Envelhecido bem antes do tempo, conversava com muitos sem t…
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