A esperança morreu


A renúncia do presidente de honra da Fifa, João Havelange, foi formalizada em 18 de abril último, revelando esperança até o final de que poderia escapar ileso da acusação de recebimento de propina da ISL.

A empresa já falida de marketing esportivo efetuou vários depósitos em contas de fachada pertencentes a João Havelange,  a seu ex-genro, Ricardo Teixeira, e ao paraguaio Nicolás Leoz, segundo relatório final sobre o Caso ISL produzido pelo Comitê de Ética da Fifa.

Leoz também foi perseverante. Renunciou somente no dia 24 deste mês ao cargo que ocupava no Comitê Executivo da Fifa e à presidência da Conmebol.

Os brasileiros teriam recebido mais de R$ 40 milhões entre 1992 e 2000, e Leoz, em torno de R$ 1,5 milhão para  canalizar a contratação dos serviços de marketing e transmissão de eventos da Fifa na empresa sediada no paraíso fiscal Liechtenstein.
O documento de 30 páginas resume pouco mais de um ano de trabalho do Comitê de Ética, cujos integrantes ouviram dezenas de acusados e coletaram mais de 4 mil documentos.
Hans- Joachim Eckert, presidente da câmara de adjudicação do Comitê, isentou o atual presidente da entidade, vice à época, de envolvimento na operação de suborno.

Aos outros três, no entanto, não poupou palavras desde o início do relatório:
“From money that passed through the ISMM/ISL Group, it is certain that not

inconsiderable amounts were channelled to former FIFA President Havelange and to his

son-in-law Ricardo Teixeira as well as to Dr. Nicolás Leoz, whereby there is no indication
 
that any form of service was given in return by them. These payments were apparently
 

made via front companies in order to cover up the true recipient and are to be qualified as

“commissions”, known today as “bribes”.”

Sem eufemismos, Eckert, à esquerda
Tradução:
Do dinheiro que passou pela ISMM/ISL, é certo que uma quantia significativa foi direcionada ao então Presidente da Fifa Havelange e a seu genro Ricardo Teixeira, bem como para o Dr. Nicolás Leoz, sem indicação de que teriam realizado algum serviço em troca. Esses pagamentos foram feitos aparentemente através de empresas de fachada para encobrir os reais beneficiários e podem ser classificadas como comissões, atualmente chamadas de propinas.
Quem torcia por uma punição aos acusados, ao menos por parte da Fifa, pode perder também a esperança. No entender de Joseph Blatter, a renúncia impede uma ação contra os acusados. 

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