Planejamento demais


O que levou um grupo sem talentos fora de série ao título mundial causou a derrota para um oponente fraco.  O grupo do Parque São Jorge superou as deficiências com disciplina e rigoroso cumprimento das ordens táticas. O lado perverso do comportamento se mostrou no momento em que foi necessário o mínimo de intuição, tanto individual quanto coletivamente.
O Boca venceu a partida por 1 a 0, como parecia esperar o Corínthians. Inexplicavelmente temeroso, depois de frequentar com sucesso o estádio mítico do futebol argentino, a equipe campeã da Libertadores atuou muito abaixo de suas possibilidades.

O adversário em franca reestruturação proposta pelo técnico Carlos Bianchi vinha de 10 derrotas no campeonato argentino. Desfalcado de seu principal articulador e líder, Riquelme, restou atravancar o meio de campo e buscar as laterais, com bolas cruzadas. Só fez isso.
Foi o suficiente para desarrumar os paulistas, obedientes ao esquema imaginado por Tite. Danilo, capaz de alterar o ritmo, não cumpriu seu papel com a qualidade habitual e deixou o campo contundido, deixando a dupla Ralf e Paulinho com responsabilidade maior do que poderiam carregar.

Com as duas equipes emboladas, feito pelada, Romarinho se destacava com atrevimento até ser substituído, apagando de vez a faísca de criatividade que havia no jogo.
Calejado quanto a pressionar e ser pressionado por torcida, a equipe não tem o direito de atribuir o resultado às arquibancadas, até porque os alvinegros não tremeram, temeram.

Os corintianos jogaram como planejaram todo o tempo. Se estudaram os adversários, fizeram a leitura errada. Se se precaveram contra surpresas, poderiam abandonar a tática defensiva a partir do meio do primeiro tempo. Pecaram por excesso de planejamento e falta de iniciativa.

Seguindo o script, acreditam que ganham bem em casa. A lógica diz que sim.
Que o Boca não tenha guardado para o último confronto a surpresa.  O tarimbado Bianchi, no entanto,  certamente se concentrará em meios de explorar mais a inteligência que o controle emocional dos favoritos.

 

 

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