Lava-Jato
A justiça tem seu tempo, há que se compreender e ter
paciência com a Lava-Jato.
Mas os vazamentos descontextualizados, sincronizados com movimentos
tanto no Executivo quanto no Legislativo, terminam por conduzir decisões de
toda ordem, incluindo claramente agora o mercado financeiro.
A especulação se vale de sustos – medo e ganância – para gerar
as ondas de compra e venda de ativos e moedas.
Há motivo de sobra para mau-humor no mercado de capitais, da
oscilação do petróleo às incertezas sobre os juros americanos e europeus. A
especulação é do jogo; sua velocidade, no entanto,danosa. Neste ponto é que o clima de barata voa
criado pelas investigações influencia diretamente.
O blog apurou que o Tesouro Direto, desde a agitação efetiva
sobre a cassação de Dilma, em março, sofreu, até o final de maio, 48 interrupções
por alta volatilidade, a excessiva variação de preços.
A economia nas mãos de agentes de confiança do mercado é garantia
de que o dinheiro poderá entrar e sair do país sem surpresas, isso sim é o que
importa ao capital transnacional. Os chacoalhões vitaminados por vazamentos, estratégia
de pressão aos acusados, levou embora do país , segundo a repórter Eulina
Oliveira, pela Folha de São Paulo, R$ 1,8 bilhão em maio.
Os estrangeiros na Bovespa eram
em torno de 30% dos investidores. Com a crise mundial e a sucessão de
escândalos internos, os nacionais se afastaram, abrindo espaço para que eles
passassem dos 50% do total. O resultado é esta gangorra em direção ao porão no
longo prazo.
Dada a fragilidade das contas e a necessidade atual de maior
dose de confiança e previsibilidade para a produção, as oscilações brutais afetam
negativamente a retomada do crescimento pelo setor e o comércio exterior. Em
cascata, empregos, consumo e alta da inflação. Não está nesta conta o
definhamento de empresas envolvidas na Lava-Jato.
Além do sacrifício da paralisação da economia e da política, paciência e compreensão bastam. Os investigadores devem cuidar melhor de suas
informações e usá-las com maior responsabilidade. O apoio popular é primordial
para a manutenção das operações de combate à corrupção.